segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Tempo Livre em Adorno: Uma brevíssima introdução

Theodor Adorno no ano de 1969 em Conferência à Radio Alemanha palestra sobre a questão do Tempo Livre, a maneira metódica dos filósofos ele exporá algo essencial para pensarmos a questão de nosso tempo, do trabalho que nos influencia e a capacidade inventiva e criativa que perdemos a muito na Sociedade de Consumo que segundo ele nos penetram no íntimo e nos determinam no estágio de integração social fortíssimo em que vivemos.
Proponho-me nesse minúsculo opúsculo a expor o primeiro parágrafo da transcrição de seu texto e adentrar timidamente na reflexão que ele faz sobre ter ou não um hobby no segundo. O Tempo Livre no contexto social que ele examina está relacionado ao trabalho, ou seja, o Tempo Livre das pessoas é aquele que se faz quando o trabalhador, justamente não está no trabalho. A caracterização que Adorno faz da concepção de Tempo Livre sustenta que esse tempo do ser humano é determinado de fora, quer dizer, não é no próprio exercício do Tempo Livre que determina-se o que se fará nele. O Tempo Livre é determinado pela situação geral da Sociedade, e isso representa que as pessoas não são autônomas para escolher o que fazem nele. Adorno fundamenta sua perspectiva afirmando que os papeis, termo vindo do teatro, determinam socialmente o indivíduo. Se um indivíduo trabalha em um banco é natural que ele tenha em seu tempo de descanso uma vida condicionada por sua função social, qualquer hobby que faça tem, na maioria das vezes, o objetivo de fazê-lo descansar e relaxar para quando estiver trabalhando no banco, produza mais, com maior eficiência e qualidade. Até a vontade que faz as pessoas quererem usar seu tempo de folga para fazer algo é determinado pelo seu trabalho, como dizer,"quero viaja, pois estou produzindo muito no banco e preciso aproveitar o tempo para fazer uma bela viagem", ou seja, nesse caso não ouve escolha, a viagem foi apenas para descansar do trabalho e o trabalhador fez essa escolha sem nem perceber porque a fez. Assim, Adorno vai demonstrando que o chamado Tempo Livre na verdade prolonga a não liberdade das pessoas. Essa naturalização realizada pela relação de produção onde as pessoas se inserem porque nascem nessa nossa Sociedade prescreve as regras de existência de todos nós. Trabalhar e descansar para trabalhar em seguida melhor e por meio do rendimento ter a ilusão de gastar seu dinheiro com suas preferências e 'prazeres', travestidos de fascínio e encantamento que a Sociedade de Consumo enraíza no interior de nossa juventude que quase unanimemente escolhe trabalhar ainda adolescente em um emprego modestíssimo que se prepara para alçar uma vaga nas melhores Universidades Públicas do País e realizar um futuro de relevância social e voltado para o bem comum. Há como sair dessa lógica, falaremos dela em breve.
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