segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O que é crítica de cinema

5/07/2010 - 08h00 Folha de SP
André Setaro fala sobre a crítica de cinema
EUCLIDES SANTOS MENDES
DE SÃO PAULO
Três perguntas para o crítico e professor de comunicação na Universidade Federal da Bahia André Setaro -que tem textos reunidos na trilogia "Escritos Sobre Cinema" (Edufba/Azougue, org. Carlos Ribeiro, 656 págs., R$ 65).
O que é a crítica de cinema?
A rigor, a função da crítica de cinema é ajudar o espectador a percorrer o itinerário do filme com um mínimo de conhecimento da sua linguagem, de modo a permitir que se reconheça, durante o trajeto, aquilo que é importante e o que não é. Uma função, portanto, que, mesmo antes de se reportar à apreciação estética da obra considerada no seu conjunto, incide sobre a sua sucessiva "racionalização", quer dizer, a tradução em termos lógico-discursivos do sentido poético que ela exprime através dos procedimentos de significação que lhe são próprios. É necessário que o aspirante a crítico construa primeiro um repertório para depois se aventurar na análise fílmica. A crítica é a arte da paciência.
O cinema é uma arte em crise?
A linguagem cinematográfica, a partir de David Wark Griffith -diretor de "O Nascimento de uma Nação" (1915), filme que instaurou a montagem narrativa com eficiência dramática-, foi sendo elaborada e enriquecida durante seis décadas do século passado. Os realizadores inventores de fórmulas, que contribuíram na evolução da linguagem (Orson Welles, Hitchcock, Godard, tantos!), se esgotaram em meados da década de 1960, quando houve uma espécie de exaustão e a invenção foi substituída por estilos pessoais. O cinema é uma arte em crise porque todos os bons filmes já foram feitos, como gostava de dizer o cineasta americano Peter Bogdanovich.
Como caracterizaria o cinema brasileiro contemporâneo?
Ao depender da captação de recursos, perdeu muito a sua independência criativa. Se houve evolução na técnica (a qualidade pode ser comparada a dos filmes estrangeiros), não se percebe, atualmente, a emergência estética. O chamado cinema de invenção (Ozualdo Candeias, Mojica, Sganzerla...) não tem mais espaço no panorama atual. A produção mais independente se encontra concentrada nos filmes feitos em digital por uma nova geração (como os apresentados na Mostra Aurora de Tiradentes neste ano).
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domingo, 20 de fevereiro de 2011

Resumo do pensamento de Augusto Comte



Auguste Comte
e o positivismo sociológico 
Animado desde a juventude com propósitos de “regeneração universal", sucessivamente pai oficial da sociologia, Auguste Comte (1798-1857) é o autor do Curso de filosofia positiva (1830-1842, em seis volumes). E é aqui que ele formula sua famosa lei dos três estágios, segundo a qual a humanidade, assim como a psique dos indivíduos particulares, passa por três estágios:
  1. estágio teológico;
  2. estágio metafísico;
  3. estágio positivo.
No estágio teológico os fenómenos são interpretados como “produtos da ação direta e contínua de agentes sobrenaturais, mais ou menos numerosos"; no estágio metafísico são explicados com referência a essências, ideias, forças abstratas como a "simpatia", a “alma vegetativa" etc.; no estágio positivo o homem procura descobrir, "com o uso bem combinado do raciocínio e da observação", as leis efetivas “de sucessão e de semelhança" que presidem ao acontecimento dos fenômenos.
O objetivo da ciência - escreve Comte - é a pesquisa das leis, e isso por causa do fato de que “apenas o conhecimento das leis dos fenômenos [ ... ] pode evidentemente levar-nos na vida ativa a modificá-los para nossa vantagem". Ciência, de onde previsão; previsão, de onde acão. Na esteira de Bacon e de Descartes, Comte afirma que será a ciência que fornecera ao homem o domínio sobre a natureza. Por conseguinte, é indispensável conhecer sociedades. Eis, então, que Comte propõe a ciência da sociedade, a sociologia, como física social, que tem como tarefa a descoberta das leis que guiam os fenômenos sociais, assim como a física estabelece as leis dos fenômenos físicos; e faz isso por meio de observações e comparações. A física social ou sociologia divide-se em estática social e dinâmica social.
 A estática social estuda as condições comuns que permitem a existência das diversas sociedades no tempo: a sociabilidade fundamental do homem, a família, a divisão do trabalho e a cooperação nos esforços etc. A lei fundamental da estática social e a da ligação entre os diversos aspectos da vida social (político, econômico, cultural etc.). A dinâmica social compreende o estudo das leis de desenvolvimento da sociedade. A lei fundamental da dinâmica social e dos três estágios. E eis um exemplo de aplicação desta lei: o feudalismo  estágio teológico; a revolução (que começa com a reforma protestante e termina com a revolução francesa) e estágio metafísico; a sociedade industrial e estágio positivo.
 Entre as ciências, a sociologia é a mais complexa, uma vez que - na hierarquia estabelecida por Comte e que quer ser uma ordem lógica, histórica e pedagógica - pressupõe a biologia, a qual pressupõe a química, que, por sua vez, pressupõe a física. Nesta perspectiva, a filosofia deve "determinar exatamente o espírito de cada ciência, descobrir suas relações, reassumir, se possível, todos os seus princípios próprios em número mínimo de princípios comuns, conforme o método positivo".
 A regeneração da sociedade - que, sobre a base do conhecimento das leis sociais, Comte propõe no Sistema de política positiva (1851-1854) - assume as formas de uma religião, onde a Deus se substitui a humanidade, ao amor de Deus o da humanidade. Humanidade que é conjunto de todos os homens vivos, dos mortos e dos que devem ainda nascer. Os indivíduos se regeneram, dentro da humanidade, como as células de um organismo. Os indivíduos são o produto da humanidade: esta deve ser venerada como outrora o eram os deuses pagãos. E, fascinado pelo universalismo do catolicismo, Comte propõe sua religião da humanidade como copia da ordem da Igreja católica: com dogmas (filosofia positiva, leis científicas), batismo secular, crisma secular etc.; com templos leigos (institutos científicos) e um papa positivo que vigiará o desenvolvimento da industria e a utilização prática das descobertas. Haverá nomes novos para os meses e para os dias. A mulher é considerada o anjo da guarda positivo.
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A sociologia como física social (Comte)


A sociologia como física social

Para passar de uma sociedade em crise para a "ordem social" , há necessidade de saber. O conhecimento é feito de leis provadas com base nos fatos. Desse modo, e preciso encontrar as leis da sociedade se quisermos resolver suas crises e prever o desenvolvimento futuro da convivência social.
Portanto, para a sociologia, através do raciocino e da observação, é possível estabelecer as leis dos fenômenos sociais, como a física pode estabelecer as leis que guiam os fenômenos físicos.
Comte divide a sociologia, ou física social, em:
  1. estática social;
  2. dinâmica social.
     a) A estática social estuda as condições de existência comuns a todas as sociedade em todos os tempos. Tais condições são a sociabilidade fundamental do homem, o núcleo familiar e a divisão do trabalho, que se concilia com "a cooperação dos esforços". A lei fundamental da estática social e a conexão entre os diversos aspectos da vida social, de modo que, por exemplo, uma constituição política não e independente de fatores como o econômico e o cultural.
    b) Por seu turno, a dinâmica social consiste no estudo das leis de desenvolvi­ mento da sociedade. Sua lei fundamental e a dos três estágios. Também o progresso social segue essa lei. Ao estágio teológico corresponde a supremacia do poder militar (e o caso do feudalismo); ao estagio metafísico, corresponde a revolução (que começa com a Reforma protestante e termina com a Revolução Francesa); ao estagio positivo, corresponde a sociedade industrial.
    Mas através de que caminhos podemos conhecer as leis da sociedade? Na opinião de Comte, os caminhos para alcançar conhecimento sociológico são a observação, o experimento e o método comparativo.
    A observação dos fatos sociais e observação direta e enquadrada na teoria, isto e, na teoria dos três estágios. Em sociologia o experimento não e tão simples como em física ou em química, que o se pode mudar as sociedades a vontade; entretanto, da mesma forma que em biologia, também na sociologia os casos patológicos, alterando
    o nexo normal dos acontecimentos, substituem de certo modo o experimento. O método comparativo estuda as analogias e a diferenças entre as diversas sociedades, no seus respectivos estágios de desenvolvimento. E, diz Comte, e o método histórico que constitui "a única base fundamental sobre a qual pode real mente se basear o sistema da lógica política".
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